segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Aprendendo a ser mãe....


Acabei de ler um texto da revista época, bem polêmico sobre maternidade/paternidade e logo na sequência fui questionada sobre um texto recente onde relato minhas aventuras com meu filho pelo Mato Grosso. Basicamente fui chamada de louca e irresponsavel por ter exposto um bebê a situações de risco e ainda por expor essa "gafe" publicamente...

Por que escrevi o texto? Para retratar um episódio da maternidade/paternidade nu e cru. Como é! Estou cansada de relatos de maternidade/paternidade cor-de-rosa e esse texto vai de encontro exatamente com o texto que podem ler nesse link.

Sou mãe full time e quando chega o final de semana, estou louca para fazer algo diferente. Meu filho, também fica entediado de passar o dia em casa. Ele é outra criança quando sai, faz passeios, vê gente, lugares novos. Os olhos brilham de entusiasmo com novidades, gargalha, quer desbravar tudo! Nesse calorzão do Mato Grosso, fica enlouquecido de alegria com água. Acontece que morro de nojo de piscina e tendo tantas opções de cachoeiras por aqui é literalmente juntar a fome com a vontade de comer.

Como relatei no texto, escolhi o caminho que me indicaram que era mais fácil. Fui surpreendida no meio do caminho, quando já era tarde demais para voltar. Será que um pai expõe um filho a qualquer situação "de risco" de propósito? Claro que não! Mas surpresas acontecem e é preciso ter a cabeça no lugar para não se desesperar.

A vida é assim, não dá pra ter tudo planejado. Penso que o mais importante é ter controle emocional em situações adversas. 

Eu talvez tenha um espírito mais aventureiro que muitas mães. Nesses poucos meses de maternidade, nunca contei com a ajuda de nenhuma babá ou enfermeira. Enfrentei as temidas madrugadas sozinha, pois meu marido teve que voltar a trabalhar quatro dias após o parto, em outro estado. Estava na casa dos meus pais nesse período, mas o quarto deles é longe o suficiente para não terem acordado nem 5% das vezes que me virei sozinha e eles sequer escutaram algum barulho... Fiz mudanças de estado, cidade e casa sozinha, na cara e na coragem. Vivo longe de pais, sogros, tios, cunhadas... Tenho um marido que trabalha muito e passo a maior parte do tempo sozinha: ou melhor, eu e meu filho. Não tenho com quem deixá-lo, então, até para ir na esquina comprar uma cebola, preciso levá-lo comigo. Acho que isso me ensinou a me virar e ser destemida. Caso contrário, não vivo!

Agora trago outro tema. O que é uma situação de risco? Para um bebê o simples fato de estar aprendendo a andar é uma situação de alto risco. Poderá cair, bater o rosto, quebrar um dente, rachar o lábio ou o supercílio num dia comum, em casa, na presença dos pais. Os pais deixarão de incentivá-lo a andar por conta disso?

Nas grandes cidades hoje sair de carro é um risco, pode haver um acidente, um assalto... Um inocente passeio com um bebê no carrinho pode ser uma situação de risco, além de toda a poluição. Para os pais fazendeiros, deixar uma criança montar num cavalo é arriscado. Correr, pular, brincar... Viver é arriscado!

Enfim, o ponto onde quero chegar é esse. Ninguém em sã consciência expõe um filho a um risco premeditadamente, mas as vezes acontece. Eu velejava com meus pais na infância. Uma vez pegamos uma tempestade (vento Noroeste) num bote inflável à remo, à noite. Vimos o nosso barco ir para bem longe, pois a âncora soltou, ficamos completamente ensopados e precisamos pedir abrigo no barco de amigos aquela noite. Será que meus pais premeditaram o risco? Claro que não! Mas no fim, foi uma grande aventura (não é a toa que crianças amam toboáguas e montanhas russas) e o fato dos pais não terem entrado em pânico foi o suficiente para que eu e minha irmã nos sentíssemos seguras.

Valeu a pena? Claro que valeu! Imagine se tivesse sido privada de todo o maravilhoso contato que tive com a natureza durante os anos que velejei? Já basta o fato de estarmos cada vez mais encarcerados em cidades pequenas, apartamentos, ambientes violentos e perigosos sempre.

Fazer o que com os filhos? Passear só no playground ou não sair dos limites do quintal da própria casa? Comprar uma bolha? Deixar de viver? Expor seu filho a um tédio absoluto de quatro paredes ou ao mais comum dos entretenimentos, o qual tento fugir à todo custo: televisão e internet?



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