quarta-feira, 2 de março de 2016

Introdução da alimentação complementar passo a passo. Parte 2: Selecionando as frutas e a forma de oferecê-las


O primeiro alimento que ofereci a Gui, a não ser meu leite foi maçã cozida. Ele tinha apenas 3 meses! Isso mesmo! Parece um pouco louco escutar isso da boca de uma nutricionista, mas uma coisa que a maternidade tem me ensinado é que a prática muitas vezes coloca a gente cara-a-cara com a teoria e eu fui desafiada em relação ao aleitamento exclusivo até os seis meses duas vezes (neste post conto como foi a outra vez: http://www.beijonopadeiro.com/2015/06/amamentacao-apojadura-quando-o-leite.html?m=1 ).

Tive Zica quando ele tinha 3 meses e meu leite diminuiu drasticamente a produção durante três dias. Deixava-o pendurando mamando horas e horas do dia, para estimular o máximo possível, mas esse máximo não era suficiente. Isso sem falar a parte de eu estar sozinha em Belo Horizonte, doente, sem ninguém para cuidar de mim e mãe de primeira viagem, tendo que cuidar de um bebê. Não foi fácil! 

Como sabia que era uma situação provisória e uma questão de dias até meu corpo combater o vírus e retornar à sua produção de leite normal, não queria dar formula, pois não queria dar nada que competisse com o meu leite. Ao mesmo tempo, não queria que ele passasse fome. Então, nesses três dias, dei 1/4 de uma maçã cozida, amassadinha com a colher.

Foi interessante ver o seu instinto de mastigar e deglutir dele ainda tão pequeno, mas graças a Deus, após três dias minha produção de leite voltou ao normal e só precisei complementar a alimentação dele com comida (iniciei com fruta), quando ele já tinha cinco meses e uma semana (falei sobre isso no último post). 

As primeiras coisas que ofereci foram água de coco e em outra ocasião suco de laranja-lima, no intervalo entre as mamadas matinais, como expliquei na postagem anterior. A quantidade inicial foi de 50ml e servi na mamadeira. Como ele sempre teve muita propensão à regurgitar, ocorreu de colocar tudo para fora na sequência. Então decidi não dar mais nenhum líquido a não ser meu próprio leite.

Assim, parti para as papinhas amassadinhas no garfo. Comecei por maçã cozida. Inicialmente 1/4 de maçã, depois 1/2, 3/4 e fui evoluindo até chegar a uma maçã inteira... Fui progredindo a quantidade à medida que vi crescer a sua facilidade em deglutir e digerir. Ele mesmo ia sinalizando que queria mais. Acho muito importante buscarmos ser mais intuitivos para determinar o quanto deve comer o bebê: ele costuma sinalizar claramente quando está saciado, quando quer mais ou quando o sabor não lhe agrada.

Prefiro a maçã cozida por ser quentinha (mais Yang/alcalina) e especialmente mais macia para "mastigar" e deglutir. Fiz o mesmo com a pêra. Para dar uma ideia, Gui já tinha mais de 6 meses quando começou a comer uma maçã inteira. A experiência das primeiras papinhas foi fantástica em relação à digestão: nada de regurgitações e nada daquela chatice de ter que mantê-lo vinte minutos ereto para arrotar. Uma liberdade!

Para cozinhar, tanto a maçã quanto a pêra, gosto de descascá-las e tirar o miolo. Cozinho em bem pouca água e fogo baixinho, assim toda a água do cozimento é absorvida quando as frutas são amassadas em forma de purê. A água do cozimento dos alimentos é rica em nutrientes e sabor: não deve ser desperdiçada jamais. Além disso, quando cozinhamos com muita água o alimento tende a ficar menos saboroso. 

O mamão ele nunca aceitou. Cuspia, fazia careta... E no dia que insisti e dei, horas depois ele vomitou tudo, junto com a mamada. Lição: siga os sinais do seu filho! Hoje em dia ele aceita um pouco de mamão, quando batido com outras frutas, mas mesmo assim, nunca faz muito sucesso nada que contenha mamão (a natureza é sábia, pois o intestino dele sempre foi mais para solto do que para preso). 

A banana da terra, cozinho da mesma maneira que a maçã: sem casca e com pouca água. Costumo acrescentar no final do cozimento um pouco de salsinha picada. Fica uma delícia e é uma maneira de deixar a banana um pouco mais (yang/alcalina) e também mais nutritiva. 

A lima eu dei em gominhos. Fui tirando a pele e dando só a polpinha suculenta. Ele gosta, mas nada se compara à aceitação da maçã e da banana da terra cozida com salsa. Pêra nunca fez tanto sucesso quanto maçã. 

Nesta fase cheguei a dar tanto a pêra quanto a maçã cruas, mas acho super trabalhoso o esquema de ficar raspando com a colher. As frutas ficam totalmente oxidadas antes que consiga terminar.

Por opção não dei nesta fase e continuo não dando banana da prata. Já provou, mas não faz parte de sua rotina. Você deve estar se perguntando a razão. É a seguinte: como meu filho não come carne vermelha e só come peixe umas duas vezes na semana, considero uma fruta muito (Yin/ácida), com conteúdo elevado de potássio, difícil de equilibrar numa dieta quase vegetariana. O mesmo em relação às frutas cítricas. Depois que ele ficou maiorzinho já deixei que provasse suco de laranja (até para saber se não tinha alergia, pois eu tinha na infância), mas não costumo dar.  

Depois que já estava com o sistema gástrico mais maduro (já tinha assimilado bem as papinhas de legumes, cereais, leguminosas e peixe), assim como alguns dentinhos (nasceram os quatro primeiros aos 7 meses) dei outras frutas como: melancia, melão e goiaba (essa ultima na forma de suco coado). Já provou também uva, jaboticaba, manga, jambo, umbu e cajá. Teve ótima aceitação, mas para o desespero da maioria dos pediatras e nutricionistas, pego leve na oferta de frutas, mas este será tópico para outra postagem...



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