Já falei
aqui sobre a ingestão do cálcio na dieta no post O Mito do Leite: http://www.beijonopadeiro.com/2010/11/o-mito-do-leite.html. Hoje resolvi falar um pouco mais
sobre o assunto e indicar um livro excelente que trata do tema, para quem
quiser averiguar mais detalhes. Chama-se: Cálcio – Na forma, na medida e no
lugar certo de Denise Carreiro.
Quando
perguntamos a qualquer pessoa a importância do consumo do leite a resposta vem
sempre na ponta da língua: “Por causa do cálcio!”. Esse mineral é realmente
muito importante para a formação óssea, mas atua também em inúmeros processos
metabólicos, desde a formação hormonal até o funcionamento muscular. Por outro
lado, o seu consumo excessivo está intimamente ligado às famosas microcalcificações,
que podem ocorrer nas artérias, nas articulações, nos tecidos como nas mamas,
nas glândulas tireoidianas, na formação de cálculos renais e biliares e muitos
outros.
Um dado
bastante interessante é que o americano é o povo que mais consome cálcio,
proveniente do leite e, no entanto é também campeão nos índices de osteoporose.
E aí, para onde está indo esse cálcio? Já os orientais, tradicionalmente não
tem hábito de consumir leite e sofrem muito menos de osteoporose. Por que será?
Dados como
esses fazem a gente pensar que não basta apenas consumir cálcio, pois ele não
será devidamente absorvido sozinho, necessitando de vitaminas e minerais
essenciais para que ocorra uma boa absorção, a exemplo da Vitamina D e do
Magnésio, comumente em deficiência nas dietas atuais. Existe uma polêmica muito
grande sobre a biodisponibilidade do cálcio no leite em relação ao cálcio
vegetal. O leite é realmente muito rico em cálcio, entretanto a natureza é
sábia e os vegetais, sementes e oleaginosas, ricas em cálcio, são ricas também
em uma série de vitaminas e minerais que auxiliam de forma decisiva em sua
absorção.
Além disso,
os aspectos ácido/básico também vão interferir na qualidade desta absorção. Já
tratei desse tema aqui em outro post chamado Ácidos, Bases, Yin e Yang: http://www.beijonopadeiro.com/2011/02/acidos-bases-yin-e-yang.html. Nosso estômago precisa estar com
um pH bastante ácido para um funcionamento regular, não é a toa que é um meio
repleto de ácido clorídrico. O intestino, por sua vez, funciona em um meio
levemente ácido. O leite, ao ser ingerido, irá alcalinizar esses meios,
atrapalhando a capacidade de absorção de nutrientes. Para completar, ele
acidificará o pH sanguíneo que deve ser levemente básico. Essa acidez sanguínea
irá fazer com que cálcio seja retirado dos ossos, a fim de promover o efeito
tampão (descrito no texto citado acima), que irá regularizar essa acidez. Por
conseguinte, haverá excesso de cálcio na corrente sanguínea que precisará ser
eliminado por via urinária. Os vegetais, por sua vez, irão ser digeridos em
maior harmonia com esses meios, sem interferir no pH do sistema
gastrointestinal e favorecendo a manutenção do pH sanguíneo naturalmente. Esses
aspectos são fundamentais para que haja um melhor aproveitamento e absorção de
vitaminas e minerais.
Outra coisa
muito importante é o estado de saúde do nosso corpo em geral, pois a absorção e
aproveitamento de qualquer nutriente na dieta requer um bom funcionamento do
metabolismo. Caso contrário, sua ingestão irá culminar ou no acúmulo interno na
forma de calcificações e tumores como foi descrito acima ou então na simples
eliminação através das fezes, mucos ou urina. Existem outros fatores que
contribuem para uma maior eliminação do cálcio como o consumo excessivo de:
açúcar, cafeína, sódio, proteína de origem animal, gordura, de álcool, bebidas
gaseificadas.
Mais uma
vez vemos que uma dieta balanceada, rica em alimentos ofertados pela natureza e
pobre em produtos industrializados é essencial para o bom funcionamento do
organismo. Não existe fórmula milagrosa, por melhor que seja um mineral (o
cálcio realmente executa inúmeras funções), ele sozinho não faz milagres e deve
estar acompanhado de inúmeros outros fatores. Além disso, como foi explicado
acima, tudo que é demais é sobra, e essa sobra pode se acumular de formas
inconvenientes e indesejadas.
Oi Camila, sou químico e trabalho em uma industria química de Fosfato Tricálcico para a industria alimentícia. Seu artigo está correto tenho a mesma opinião sobre a biodisponibilidade do Cálcio e o que observo é que existe muita falta de conhecimento sobre esse tema na industria alimentícia. Parabéns !
ResponderExcluirUlisses Nunes - Solutech Ingredientes
Oi Camila, sou químico e trabalho em uma industria química de Fosfato Tricálcico para a industria alimentícia. Seu artigo está correto tenho a mesma opinião sobre a biodisponibilidade do Cálcio e o que observo é que existe muita falta de conhecimento sobre esse tema na industria alimentícia. Parabéns !
ResponderExcluirUlisses Nunes - Solutech Ingredientes