terça-feira, 17 de abril de 2012

O Mito do Cálcio



Já falei aqui sobre a ingestão do cálcio na dieta no post O Mito do Leite: http://www.beijonopadeiro.com/2010/11/o-mito-do-leite.html. Hoje resolvi falar um pouco mais sobre o assunto e indicar um livro excelente que trata do tema, para quem quiser averiguar mais detalhes. Chama-se: Cálcio – Na forma, na medida e no lugar certo de Denise Carreiro.

Quando perguntamos a qualquer pessoa a importância do consumo do leite a resposta vem sempre na ponta da língua: “Por causa do cálcio!”. Esse mineral é realmente muito importante para a formação óssea, mas atua também em inúmeros processos metabólicos, desde a formação hormonal até o funcionamento muscular. Por outro lado, o seu consumo excessivo está intimamente ligado às famosas microcalcificações, que podem ocorrer nas artérias, nas articulações, nos tecidos como nas mamas, nas glândulas tireoidianas, na formação de cálculos renais e biliares e muitos outros.

Um dado bastante interessante é que o americano é o povo que mais consome cálcio, proveniente do leite e, no entanto é também campeão nos índices de osteoporose. E aí, para onde está indo esse cálcio? Já os orientais, tradicionalmente não tem hábito de consumir leite e sofrem muito menos de osteoporose. Por que será?

Dados como esses fazem a gente pensar que não basta apenas consumir cálcio, pois ele não será devidamente absorvido sozinho, necessitando de vitaminas e minerais essenciais para que ocorra uma boa absorção, a exemplo da Vitamina D e do Magnésio, comumente em deficiência nas dietas atuais. Existe uma polêmica muito grande sobre a biodisponibilidade do cálcio no leite em relação ao cálcio vegetal. O leite é realmente muito rico em cálcio, entretanto a natureza é sábia e os vegetais, sementes e oleaginosas, ricas em cálcio, são ricas também em uma série de vitaminas e minerais que auxiliam de forma decisiva em sua absorção.

Além disso, os aspectos ácido/básico também vão interferir na qualidade desta absorção. Já tratei desse tema aqui em outro post chamado Ácidos, Bases, Yin e Yang: http://www.beijonopadeiro.com/2011/02/acidos-bases-yin-e-yang.html. Nosso estômago precisa estar com um pH bastante ácido para um funcionamento regular, não é a toa que é um meio repleto de ácido clorídrico. O intestino, por sua vez, funciona em um meio levemente ácido. O leite, ao ser ingerido, irá alcalinizar esses meios, atrapalhando a capacidade de absorção de nutrientes. Para completar, ele acidificará o pH sanguíneo que deve ser levemente básico. Essa acidez sanguínea irá fazer com que cálcio seja retirado dos ossos, a fim de promover o efeito tampão (descrito no texto citado acima), que irá regularizar essa acidez. Por conseguinte, haverá excesso de cálcio na corrente sanguínea que precisará ser eliminado por via urinária. Os vegetais, por sua vez, irão ser digeridos em maior harmonia com esses meios, sem interferir no pH do sistema gastrointestinal e favorecendo a manutenção do pH sanguíneo naturalmente. Esses aspectos são fundamentais para que haja um melhor aproveitamento e absorção de vitaminas e minerais.

Outra coisa muito importante é o estado de saúde do nosso corpo em geral, pois a absorção e aproveitamento de qualquer nutriente na dieta requer um bom funcionamento do metabolismo. Caso contrário, sua ingestão irá culminar ou no acúmulo interno na forma de calcificações e tumores como foi descrito acima ou então na simples eliminação através das fezes, mucos ou urina. Existem outros fatores que contribuem para uma maior eliminação do cálcio como o consumo excessivo de: açúcar, cafeína, sódio, proteína de origem animal, gordura, de álcool, bebidas gaseificadas.

Mais uma vez vemos que uma dieta balanceada, rica em alimentos ofertados pela natureza e pobre em produtos industrializados é essencial para o bom funcionamento do organismo. Não existe fórmula milagrosa, por melhor que seja um mineral (o cálcio realmente executa inúmeras funções), ele sozinho não faz milagres e deve estar acompanhado de inúmeros outros fatores. Além disso, como foi explicado acima, tudo que é demais é sobra, e essa sobra pode se acumular de formas inconvenientes e indesejadas.

2 comentários:

  1. Oi Camila, sou químico e trabalho em uma industria química de Fosfato Tricálcico para a industria alimentícia. Seu artigo está correto tenho a mesma opinião sobre a biodisponibilidade do Cálcio e o que observo é que existe muita falta de conhecimento sobre esse tema na industria alimentícia. Parabéns !

    Ulisses Nunes - Solutech Ingredientes

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  2. Oi Camila, sou químico e trabalho em uma industria química de Fosfato Tricálcico para a industria alimentícia. Seu artigo está correto tenho a mesma opinião sobre a biodisponibilidade do Cálcio e o que observo é que existe muita falta de conhecimento sobre esse tema na industria alimentícia. Parabéns !

    Ulisses Nunes - Solutech Ingredientes

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