sábado, 23 de junho de 2012

Saúde Planetária x Saúde Individual (parte 3)



Ontem li um capítulo do livro Anticâncer, e não resisti em compartilha-lo aqui no blog. Nele, o autor, repete em outras palavras, as mesmas ideias que andei escrevendo essa semana por aqui. Além disso, cita as resoluções do relatório das Nações Unidas de 2006. Li isso no mesmo dia do encerramento do Rio+20. Nem tive acesso ainda ao relatório elaborado no evento, mas imagino que deva abordar temas semelhantes, dentre outros... Sincronicidade? Dei uma pausa nesse livro e retomei essa semana, justamente quando essas ideias começaram a permear minha cabeça com mais força, resultando nos posts: http://www.beijonopadeiro.com/2012/06/saude-planetaria-x-saude-individual.htmlhttp://www.beijonopadeiro.com/2012/06/saude-planetaria-x-saude-individual_19.html


Tudo que chega à terra chega aos filhos da terra’
Se todos adotarmos essa maneira orgânica e equilibrada de se alimentar, ajudaremos não só nosso corpo a se desintoxicar, mas também o planeta a recuperar seu equilíbrio. O relatório de 2006 das Nações Unidas sobre alimentação e agricultura concluiu que a criação de animais para consumo humano é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. A contribuição da pecuária para o efeito estufa é mais elevada do que a do setor de transportes. A pecuária é responsável por 65% das emissões de hemióxido de nitrogênio, um gás que contribui para o aquecimento global 296 vezes mais do que o CO2. O metano emitido pela digestão das vacas (que toleram mal o milho e a soja que recebem para comer) age 23 vezes mais do que o CO2 sobre o aquecimento, e 37% do metano mundial vem dos ruminantes. Um terço das terras aráveis são destinadas ao milho e à soja para a alimentação do gado. Essas extensões são insuficientes para atender à demanda, o que provoca o desmatamento das florestas – e uma nova perda em capacidade de absorção do dióxido de carbono. O relatório da ONU concluiu também que a pecuária está ‘entre as atividades mais prejudiciais para os recursos hídricos’, por causa do despejo maciço de fertilizantes, pesticidas e excrementos dos animais dentro dos cursos de água.

Um indiano consome em média 5 quilos de carne por ano e, com idade igual, vive com melhor saúde do que um ocidental. São necessários 123 quilos por ano para satisfazer um americano – 25 vezes mais. 1,2 Nossos modos de produção e de consumo de produtos animais destroem o planeta. Tudo parece indicar que eles contribuem também para nos destruir ao mesmo tempo.



No final de cada dia, eu escrevo algumas palavras em um diário íntimo para resumir o que me deu mais prazer. Em geral, trata-se de coisas muito simples. E frequentemente me surpreendo ao notar o prazer que senti por só ter comido legumes, ervilhas e frutas (e um pouco de pão multigrãos). Noto como me senti mais alerta e mais leve o dia inteiro, e sorrio à ideia de que fui menos pesado para o planeta que me carrega e me alimenta.

Depois de vinte anos dedicados a cuidar de doentes que sofrem de câncer, Michael Lerner se cansou de receber pessoas com idade entre 30 e 40 anos que nunca deveriam fazer parte de seu programa. O programa existe ainda hoje, mas Michael passou a voltar a maior parte de suas atividades para a proteção do meio ambiente, a fim de prevenir as doenças na raiz. Ele resume a situação com uma simplicidade luminosa: ‘Não se pode viver com boa saúde em um planeta doente.’

Em 1854, o chefe Seattle da tribo Puget Sound Suquamish entregou solenemente seu território e seu povo à soberania dos Estados Unidos. O discurso que ele pronunciou nessa ocasião serviu um século mais tarde de inspiração ao movimento ecológico, que reinterpretou suas palavras particularmente incisivas. O chefe se dirigia, de um modo mais urgente que nunca, aos descendentes dos colonos brancos que nós somos:

‘Ensinem aos seus filhos o que nós ensinamos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontece com a terra acontece com os filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo sobre si mesmos. A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terá. Nós sabemos disso. Todas as coisas se ligam como o sangue que une a mesma família. Todas as coisas estão interligadas.’

1.       Dupont, G., L´élevage Contribue Beaucoup au Réchauffement Climatique, Le monde, 5 de dezembro, 2006, seção 9.
2.       Bittman, M., Rethinking the Meat-Guzzler, New York Times, January 27, 2008.

Fonte: SHREIBER, David S. Anticancer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais. 2 ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 118-119.



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