segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os prós e contras das tecnologias na sociedade moderna



Foto do Google Imagens

Acabei de ler essa matéria (http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI313055-17773,00-ELES+MORAM+SOZINHOS+E+ESTAO+TRANSFORMANDO+NOSSAS+CIDADES.htmle achei bem interessante. Nos últimos tempos venho amadurecendo a ideia de migrar de um “Nokia: End + Send” para um smartfone e a ideia tem me trazido inúmeras reflexões. Não sei se outras pessoas, antes de adquirirem uma tecnologia virtual 24 horas, refletem tanto, mas eu tenho ponderado bastante os prós e contras...

Antes de morar em Belo Horizonte, era uma super usuária de telefone celular. Como meu escritório era virtual, passava o dia em trânsito (e no trânsito), entre uma obra e outra, em todas as partes da cidade. Para dar conta de administrar estar em vários lugares ao mesmo tempo, vivia pendurada no celular. Minhas contas eram homéricas (chegando ao cúmulo de R$1.200,00), mas como não tinha despesas de escritório como: aluguel, água, luz, telefone e outros entendia o celular como ferramenta de trabalho e me resignava. Apesar das altas contas me permitirem ter excelentes aparelhos gratuitos, sempre tive telefones bem simples, de funções básicas, sem internet.

Ao me mudar para Belo Horizonte, há um ano, e cambiar completamente a rotina, decidi que telefone ia ser uma ferramenta para comunicações rápidas e necessárias. Optei por um aparelho basicão e uma linda conta fixa de R$35,00, na qual me orgulho de sempre acumular minutos, mês após mês. Uma mudança drástica, hein?

Atualmente, acho que sou a única pessoa do meu ciclo de amizades que não tem nenhuma tecnologia 3G portátil... Li o livro do Steve Jobs, sou fã dele, mas não tenho e nunca tive nem um produto “i”. Acho todos fantásticos, mas meu som ainda funciona perfeitamente e migrar para um ipod, significaria descartar um bom aparelho de som e mais de 400 CDs. Se não tivesse tudo isso, talvez já possuísse um ipod, pois amo música e não nego a praticidade da tecnologia. Entretanto, fui educada a usar o sapato até furar e a não deixar resto de comida no prato, considerando-me uma pessoa com freios regulados em relação aos impulsos mercantilistas induzidos pela sociedade moderna. Ainda vivo bem sem as 1001 ferramentas dos produtos da Apple e afins, mas tenho consciência que ninguém anda para trás e que adquirir um aparelho 3G é um caminho sem volta. Acontece que com todas as vantagens, vêm muitas desvantagens e sinceramente, não sei se estou preparada!

O fato de não ter esse tipo de celular faz com que tenha mais tempo para observar o meu entorno e tudo que vejo são pessoas com a cara enfiada numa tela. É padrão! Nas praças, bares, restaurantes... Outra mania é de registrar tudo, como se o mais importante fosse registrar e expor a vida ao invés de viver plenamente os momentos. Chega ao cúmulo de duas pessoas estarem sentadas sem conversar, cada uma focada no seu aparelho pessoal. Este ano fiz ma viagem com um grupo de amigos para um local sem sinal de telefone. Quando chegamos à cidade, sentamos em um restaurante com rede wifi e todos mergulharam em seus mundos virtuais, completamente hipnotizados. Naquele momento me senti uma pessoa livre, estava ao lado de uma queda d´água e fiquei apreciando o som dos pássaros e da água escorrendo nas pedras... Será que se portasse um smartfone não teria agido como eles? Acontece com todo mundo, por que seria diferente comigo?

Não posso negar todas as vantagens, os aplicativos fantásticos e a agilidade que essas tecnologias trazem para a vida das pessoas... Por isso mesmo, comecei a ponderar os prós e contras. Hoje em dia, por exemplo, não falo com inúmeras pessoas o tempo inteiro por aplicativos, entretanto, tenho o hábito de ler e escrever longos e-mails, mantendo contatos aprofundados com as pessoas, mesmo que virtualmente. Meu uso de internet pode muito bem esperar o momento que estou em casa, com calma... Outro hábito são os longos papos pelo skype com amigos que moram por todas as partes... Funciona como marcar para sair, onde paramos tudo que estamos fazendo para conversar a fundo. O que quero mostrar é que sou super usuária da tecnologia, mas mesmo através dela, prezo contatos criteriosos e cuidadosos, não meros “chats” casuais e rápidos.

Lendo esse texto e percebendo a sociedade vejo que as pessoas estão cada vez mais sós em termos profundos e cercadas de contatos superficiais. Em um dos debates do seminário de Kikuchi, este ano, discutimos exatamente isso... Uma mulher falando da impossibilidade do casamento, de dividir um lar com alguém e que o futuro seriam relações onde cada um vivesse no seu canto. Esses dados crescentes de pessoas morando sozinhas demonstram justamente isso. Já abordei esse tema no texto: O papel da família nas sociedades modernas (http://www.beijonopadeiro.com/2009/09/o-papel-da-familia-nas-sociedades.htmle não consigo modernizar minha mente para ver uma sociedade individualizada como algo tão positivo assim.

Concordo plenamente com uma citação do texto onde o autor fala da evolução coletiva através de atitudes individualizadas, citando o exemplo da mulher que vai de bicicleta ao trabalho, não por questões ambientais e sim para fugir do trânsito e dos transportes públicos. Não tenho a menor dúvida que apesar de todo o movimento ambiental de ajuda humanitária ao planeta, o que mais move as pessoas são as suas razões pessoais. Por exemplo, alguém que passa a comer orgânicos, provavelmente está mais preocupado com a própria saúde e querendo se preservar de um câncer do que qualquer outra coisa.

 “É o que o sociólogo e professor emérito da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Robert Bellah chama de ‘individualismo utilitário’, a ideia de que a sociedade floresce quando cada pessoa persegue suas vontades em primeiro lugar. ‘É da somatória de interesses pessoais que surge o coletivismo.’ 

A menos que o individualismo utilitário, descrito no texto, renda muitos frutos, acho que essa tendência crescente ao isolamento na sociedade é um risco. As pessoas agora vivem conectadas em redes sociais como Facebook e Instagram, se contentando em ler citações postadas ao invés de buscarem interesses pessoais em literaturas aprofundadas. Todo mundo é feliz nessas redes sociais, às vezes se vê algum post de denúncia ou indignação, mas normalmente são postadas fotos de viagens, restaurantes, passeios e inúmeras superficialidades dando uma impressão de que todos vivem uns contos de fadas... As conversas por BBM e Whatsapp são meros papos casuais, afinal, quem quer conversar mesmo liga, encontra...

Todo esse agito faz com que as pessoas vivam uma ilusão de que estão cercadas de muitos amigos, quando na verdade estão mesmo cheias de contatos... Paralelamente a tudo isso vejo um número crescente de pessoas com síndromes psicológicas como: pânico, transtorno bipolar e principalmente depressão. Isso sem falar na sociedade alcoólatra que vivemos, onde tudo é uma desculpa para beber e as pessoas parecem não conseguir mais se divertirem sóbrias.

A conclusão que chego acerca do perfil descrito no texto é que a sociedade está cheia de pessoas carentes, que vivem uma pseudo independência, mas que não suportam a companhia de si mesmas um só instante, sendo incapazes de passar horas em casa lendo um livro, cozinhando, escrevendo, aturando e amadurecendo pensamentos próprios. Ao invés disso, fazem um tipo bem resolvido (por viverem sós), mas ao mesmo tempo estão sempre conectadas, sem conseguirem estabelecer uma relação profunda que permita um respeito mútuo, base para que haja qualquer tipo de compartilhamento espacial. Para mim são pessoas intransigentes e mimadas, que querem tudo do seu jeito, no seu tempo e não conseguem entrar num acordo harmônico de vida em comunidade. Assim, são obrigadas a viverem sós e para amenizar a carência mantêm contatos superficiais e virtuais com o meio externo.

3 comentários:

  1. Adorei o texto, super concordo

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  2. Graças a Deus ainda existem pensamentos e atitudes como as suas. Penso e vivo exatamente assim! Deus te abençoe e nos de a graça de salvarmos a humanidade fazendo a nossa pequena parte.

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