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Acabei de
ler essa matéria (http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI313055-17773,00-ELES+MORAM+SOZINHOS+E+ESTAO+TRANSFORMANDO+NOSSAS+CIDADES.html) e achei bem interessante. Nos últimos tempos venho
amadurecendo a ideia de migrar de um “Nokia: End + Send” para um smartfone e a
ideia tem me trazido inúmeras reflexões. Não sei se outras pessoas, antes de
adquirirem uma tecnologia virtual 24 horas, refletem tanto, mas eu tenho
ponderado bastante os prós e contras...
Antes de
morar em Belo Horizonte, era uma super usuária de telefone celular. Como meu
escritório era virtual, passava o dia em trânsito (e no trânsito), entre uma
obra e outra, em todas as partes da cidade. Para dar conta de administrar estar
em vários lugares ao mesmo tempo, vivia pendurada no celular. Minhas contas
eram homéricas (chegando ao cúmulo de R$1.200,00), mas como não tinha despesas
de escritório como: aluguel, água, luz, telefone e outros entendia o celular como
ferramenta de trabalho e me resignava. Apesar das altas contas me permitirem
ter excelentes aparelhos gratuitos, sempre tive telefones bem simples, de funções
básicas, sem internet.
Ao me mudar
para Belo Horizonte, há um ano, e cambiar completamente a rotina, decidi que
telefone ia ser uma ferramenta para comunicações rápidas e necessárias. Optei
por um aparelho basicão e uma linda conta fixa de R$35,00, na qual me orgulho
de sempre acumular minutos, mês após mês. Uma mudança drástica, hein?
Atualmente, acho que sou a única pessoa do meu ciclo de amizades que não tem nenhuma
tecnologia 3G portátil... Li o livro do Steve Jobs, sou fã dele, mas não tenho
e nunca tive nem um produto “i”. Acho todos fantásticos, mas meu som ainda
funciona perfeitamente e migrar para um ipod, significaria descartar um bom
aparelho de som e mais de 400 CDs. Se não tivesse tudo isso, talvez já possuísse
um ipod, pois amo música e não nego a praticidade da tecnologia. Entretanto, fui
educada a usar o sapato até furar e a não deixar resto de comida no prato,
considerando-me uma pessoa com freios regulados em relação aos impulsos
mercantilistas induzidos pela sociedade moderna. Ainda vivo bem sem as 1001
ferramentas dos produtos da Apple e afins, mas tenho consciência que ninguém
anda para trás e que adquirir um aparelho 3G é um caminho sem volta. Acontece
que com todas as vantagens, vêm muitas desvantagens e sinceramente, não sei se
estou preparada!
O fato de
não ter esse tipo de celular faz com que tenha mais tempo para observar o meu
entorno e tudo que vejo são pessoas com a cara enfiada numa tela. É padrão! Nas
praças, bares, restaurantes... Outra mania é de registrar tudo, como se o mais
importante fosse registrar e expor a vida ao invés de viver plenamente os
momentos. Chega ao cúmulo de duas pessoas estarem sentadas sem conversar, cada
uma focada no seu aparelho pessoal. Este ano fiz ma viagem com um grupo de amigos para um local sem sinal de telefone. Quando chegamos à
cidade, sentamos em um restaurante com rede wifi e todos mergulharam em seus
mundos virtuais, completamente hipnotizados. Naquele momento me senti uma
pessoa livre, estava ao lado de uma queda d´água e fiquei apreciando o som dos
pássaros e da água escorrendo nas pedras... Será que se portasse um smartfone
não teria agido como eles? Acontece com todo mundo, por que seria diferente
comigo?
Não posso
negar todas as vantagens, os aplicativos fantásticos e a agilidade que essas
tecnologias trazem para a vida das pessoas... Por isso mesmo, comecei a
ponderar os prós e contras. Hoje em dia, por exemplo, não falo com inúmeras
pessoas o tempo inteiro por aplicativos, entretanto, tenho o hábito de ler e
escrever longos e-mails, mantendo contatos aprofundados com as pessoas, mesmo
que virtualmente. Meu uso de internet pode muito bem esperar o momento que estou em casa, com calma... Outro hábito são os longos papos pelo skype com amigos que
moram por todas as partes... Funciona como marcar para sair, onde paramos tudo
que estamos fazendo para conversar a fundo. O que quero mostrar é que sou
super usuária da tecnologia, mas mesmo através dela, prezo contatos criteriosos
e cuidadosos, não meros “chats” casuais e rápidos.
Lendo esse
texto e percebendo a sociedade vejo que as pessoas estão cada vez mais sós em
termos profundos e cercadas de contatos superficiais. Em um dos debates do
seminário de Kikuchi, este ano, discutimos exatamente isso... Uma mulher falando da
impossibilidade do casamento, de dividir um lar com alguém e que o futuro
seriam relações onde cada um vivesse no seu canto. Esses dados crescentes de
pessoas morando sozinhas demonstram justamente isso. Já abordei esse tema no
texto: O papel da família nas sociedades modernas (http://www.beijonopadeiro.com/2009/09/o-papel-da-familia-nas-sociedades.html) e não consigo modernizar
minha mente para ver uma sociedade individualizada como algo tão positivo
assim.
Concordo
plenamente com uma citação do texto onde o autor fala da evolução coletiva
através de atitudes individualizadas, citando o exemplo da mulher que vai de
bicicleta ao trabalho, não por questões ambientais e sim para fugir do trânsito
e dos transportes públicos. Não tenho a menor dúvida que apesar de todo o
movimento ambiental de ajuda humanitária ao planeta, o que mais move as pessoas
são as suas razões pessoais. Por exemplo, alguém que passa a comer orgânicos,
provavelmente está mais preocupado com a própria saúde e querendo se preservar
de um câncer do que qualquer outra coisa.
“É o que o sociólogo e professor emérito da
Universidade da Califórnia, em Berkeley, Robert Bellah chama de ‘individualismo
utilitário’, a ideia de que a sociedade floresce quando cada pessoa persegue suas
vontades em primeiro lugar. ‘É da somatória de interesses pessoais que surge o
coletivismo.’”
A menos que
o individualismo utilitário, descrito no texto, renda muitos frutos, acho que
essa tendência crescente ao isolamento na sociedade é um risco. As pessoas
agora vivem conectadas em redes sociais como Facebook e Instagram, se
contentando em ler citações postadas ao invés de buscarem interesses pessoais
em literaturas aprofundadas. Todo mundo é feliz nessas redes sociais, às vezes
se vê algum post de denúncia ou indignação, mas normalmente são postadas fotos
de viagens, restaurantes, passeios e inúmeras superficialidades dando uma
impressão de que todos vivem uns contos de fadas... As conversas por BBM e
Whatsapp são meros papos casuais, afinal, quem quer conversar mesmo liga,
encontra...
Todo esse
agito faz com que as pessoas vivam uma ilusão de que estão cercadas de muitos
amigos, quando na verdade estão mesmo cheias de contatos... Paralelamente a
tudo isso vejo um número crescente de pessoas com síndromes psicológicas como:
pânico, transtorno bipolar e principalmente depressão. Isso sem falar na
sociedade alcoólatra que vivemos, onde tudo é uma desculpa para beber e as
pessoas parecem não conseguir mais se divertirem sóbrias.
A conclusão
que chego acerca do perfil descrito no texto é que a sociedade está cheia de
pessoas carentes, que vivem uma pseudo independência, mas que não suportam a
companhia de si mesmas um só instante, sendo incapazes de passar horas em casa
lendo um livro, cozinhando, escrevendo, aturando e amadurecendo pensamentos
próprios. Ao invés disso, fazem um tipo bem resolvido (por viverem sós), mas ao
mesmo tempo estão sempre conectadas, sem conseguirem estabelecer uma relação
profunda que permita um respeito mútuo, base para que haja qualquer tipo de
compartilhamento espacial. Para mim são pessoas intransigentes e mimadas, que
querem tudo do seu jeito, no seu tempo e não conseguem entrar num acordo
harmônico de vida em comunidade. Assim, são obrigadas a viverem sós e para
amenizar a carência mantêm contatos superficiais e virtuais com o meio externo.
Concordo plenamente com você, Mile!
ResponderExcluirAdorei o texto, super concordo
ResponderExcluirGraças a Deus ainda existem pensamentos e atitudes como as suas. Penso e vivo exatamente assim! Deus te abençoe e nos de a graça de salvarmos a humanidade fazendo a nossa pequena parte.
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