segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Penso, logo sou incoerente - por: Teté Lacerda


Compartilho hoje com vocês o texto de uma grande amiga e blogueira, Teté Lacerda. Ela já apareceu por aqui antes, colaborando com foto para ilustrar um post e também uma ótima entrevista com dicas alimentares para viajantes (sua especialidade!). Nem preciso dizer que me identifiquei com o texto e achei a cara do blog... Espero que gostem!!! Beijos
Foto retirada do perfil do facebook da autora do Texto: Teté Lacerda
"Antes de começar a despejar aqui meus devaneios, preciso dizer que sim, tenho princípios que guiam minha vida, crenças e estilo de vida.
Mas já me desvencilhei de certezas inabaláveis, verdades absolutas, convicções inquestionáveis. Como já falei aqui no blog, já fui vegetariana, parei para estudar budismo, afirmava coisas – tal universidade é boa, essa viagem é cafona, isso tem que ser feito. Eu era mais, digamos, radical, sobre certas coisas. Mais tarde, (felizmente) desconstruí todas essas ideias.
E cheguei a conclusão que a vida é muito curta para ficarmos presos em dogmas, afundados em ideologias, parados em um só estilo de vida, em opiniões que não mudam.
Não aguento a repetição, a falta de transformação, o mundano. Tenho vocação para o novo, sou inconstante.
E então pergunto – temos que ser sempre coerentes?
Não digo para esquecermos ou ignorarmos nossa raízes, afetos, essência, respeitos… Claro que temos nosso alicerce, que nos dá referências, do bom e do ruim.
Mas e a inquietude? A intuição? A coragem? O desejo? O desapego?
Vida é movimento.
Somos essa “metamorfose ambulante”, obras “in the making”, inacabadas.
Somos muitas coisas para ser só nós mesmos.
E se somos muitos, são muitas as coisas que nos motivam, que nos frustram, que nos comovem, que nos movem.
Por isso, decidi não me cobrar tanta coerência.
Woody Allen já dizia “coerência é o fantasma das mentes pequenas”.
O que me cobro, sim, é a vivencia, experimentação, o questionamento, idas e vindas. A mudança. O recomeço.
A pedra só acumula limo se ela não girar.
Me cobro a descoberta.
Qualquer tipo de viagem, desde que conheça algo novo.
Qualquer tipo de mudança, desde que me tire da zona de conforto.
Qualquer tipo de arte, desde que me chame a atenção.
Qualquer tipo de papo, desde que me faça pensar.
Qualquer tipo de comida, desde que me provoque uma sensação.
Qualquer tipo de filme, desde que me emocione.
Alguma coisa que me estimule, que me mexa.
Somos coerentes e incoerentes – uma hora pensamos nisso, outra hora acreditamos naquilo. Gostamos um pouco disso, depois pela disciplina, recorremos àquilo. Não só isso, nem só aquilo.
Pensamento também é movimento.
E como achar a incoerência na coerência?
Amor? Incoerência.
Segurança? Coerência.
Aventura? Incoerência.
Disciplina? Coerência.
Religião? Prefiro não comentar.
Espiritualidade? Incoerência.
Educação? Coerência.
Conhecimento? Incoerência.
Morte? Coerência.
Vida? Pura incoerência.
Deus? Coerência na incoerência. Ou melhor, depende do momento.
Existe uma crença, mas tem horas que sei que Ele acredita mais em mim do que eu nele.
Tem momentos que  só o silêncio responde.
Há momentos mais Dalai Lama, outros mais Steve Jobs.
Como também tem horas Madre Teresa, bem diferente das horas Freudianas.
Mas o importante é rir de si mesmo, e independente dos dias, tentar, mudar, retomar, procurar, revirar, desligar e quem sabe achar essa inconsistência, opa! incoerência." Teté Lacerda - www.escapismogenuino.com.br

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