quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A influência do cozimento de alimentos no desenvolvimento cerebral humano

Huuuummmmm... Milho cozido - imagem retirada do Google Imagens

Foto de minha autoria - huuuuummmmm... Quem descobriu que o milho poderia virar pipoca merece um prêmio!! E aí, que tal um milho cru na próxima refeição??



Como prometi, hoje vou retornar à temática do efeito das dietas baseadas em alimentos crus nos seres humanos. Fiz uma pesquisa retrospectiva em meu blog e vi que já dediquei três postagens a este tema, logo, se é de seu interesse, recomendo a leitura:
Esta mania de detox baseado em dietas cruas está cada dia mais na moda e me preocupa (principalmente quando deixa de ser algo temporário e passa a ser um hábito contínuo). Outro dia, por exemplo, uma amiga me escreveu toda feliz contando que ia iniciar uma dieta a base de frutas e perguntando a minha opinião. O detalhe é que ela mora em um país nórdico que faz frio 90% do ano... Como diz o ditado, se conselho fosse bom, ninguém daria de graça, mas como este não foi o caso (ela estava querendo saber a minha opinião), expliquei que seria uma ótima ideia caso ela pretendesse morrer de frio. 

Sim, os alimentos possuem efeito térmico no corpo e não é a toa que desejamos comidas quentes no inverno e frias no verão. Não é a toa também que quem mora nos trópicos tem uma tolerância muito maior à frutas tropicais e quem vive em climas extremamente frios tolera muito bem dietas extremamente carnívoras, a exemplo dos esquimós: da mesma maneira que pegam 'emprestados' os pelos animais para fazerem casacos, utilizam também o sangue deles na dieta, para aquecerem seus corpos, expostos a um frio intenso (antigamente sem acesso à calefação artificial). 

Esta sabedoria intuitiva foi o que permitiu que populações se adaptassem às condições de temperatura mais adversas e extremas (enquanto diversas espécies animais são exterminadas justamente pela incapacidade de superar tais situações). O corpo humano busca o equilíbrio intuitivamente e o uso das mãos (que são bem diferente de patas), juntamente com um cérebro mais desenvolvido, permitiu que cada vez mais pudesse evoluir criando ferramentas e tecnologias que fazem compensar estas adversidades... O problema é que o acesso a estas ferramentas se disseminou tanto que hoje a intuição está cada vez mais subutilizada, entretanto, essa é mais uma prova da lei das compensações, do uso e desuso e a tendência à economia energética.

Como sabem, sou fã dos vídeos do TED e acabei de assistir um excelente que fala sobre a relação entre a dimensão dos corpos, comparada ao tamanho dos cérebros e à quantidade de neurônios. Nele, a pesquisadora explica que o tamanho do corpo é inversamente proporcional à quantidade de neurônios cerebrais e isso explica porque os homens são considerados a evolução dos macacos.

Este estudo chega a uma conclusão que outros autores já atingiram através de meandros diferentes: que o ponto diferencial que permitiu o desenvolvimento do cérebro humano foi justamente o momento em que passou a utilizar o fogo para preparar o seu alimento. Cozinhar é lançar mão de uma ferramenta para pre-digerir a comida fora do seu corpo. Assim, o alimento torna-se mais macio e fácil de mastigar, atingindo o trato gastrointestinal na forma mais hidrolisada, possibilitando maior absorção e consequente otimização nutricional.

Claro que tudo isso tem um limite e tem o seu extremo. Hoje, chegamos ao ponto que as comidas estão tão processadas que é preciso acrescentar fibras à dieta, para conseguir desacelerar o trânsito intestinal e aumentar a absorção, já que o alto refinamento dos alimentos aumenta tanto a sua osmolaridade que ele acaba roubando mais eletrólitos e água do que fornecendo nutrientes ao corpo. Aí a indústria de suplementos faz a festa, pois como os alimentos modernos são quase isentos de vitaminas e minerais naturais, estes passam a ser ofertados de forma isolada, como forma de compensação.

Por esse motivo sou tão cautelosa com essa história de suplementos: já diminuímos demais o nosso esforço biológico: não precisamos mais caçar, plantar, colher ou até cozinhar para obter o que comer. Penso que se fornecermos tudo literalmente 'mastigado' ao corpo ele tende a ficar cada vez mais atrofiado e a desaprender a buscar os nutrientes nos alimentos...

Enfim, nem tanto, nem tão pouco. Não precisamos comer nem como primatas e nem como astronautas - afinal, nenhuma destas situações corresponde à situação biológica humana.

Fico por aqui, deixando a imagem deste gráfico, retirado do vídeo supracitado, para que possam ver em termos estatísticos o grau de evolução do cérebro humano desde que passou a cozinhar os seus alimentos. Incrível, não??


Nosso cérebro representa apenas 2% da nossa massa corpórea e no entanto consome 25% das calorias que ingerimos por dia, que máquina!!! (Imagem extraída do vídeo do TED)


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