quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Saindo da caixinha

Amei este vídeo. Para variar procurei a versão legendada no youtube e não encontrei... Assim, continuo encorajando os meus leitores a aprimorarem o aprendizado de um segundo idioma, no caso o inglês. 

Outro dia meu queixo caiu quando um amigo, suuuuuuper culto, devorador de livros, que está fazendo doutorado aos 27 anos de idade, me falou que nunca tinha ouvido falar no TED. Sou simplesmente fã do canal, capaz de passar horas assistindo e reassistindo vídeos... INSPIRADORES!

Jacob Barnett no TEDxTeen

Este em especial, mexe mais uma vez com paradigmas. Não sou nenhuma genia da física, mas a história desse garoto me faz lembrar um pouco a minha própria história, quando na infância, por diversas vezes fui considerada incapaz de acompanhar a turma, simplesmente por não interagir com os colegas, não atender a comandos, ficar em meu mundo, sozinha, no canto da sala, abrindo e fechando a torneira e mexendo com argila. Deus sabe o que se passava por minha cabeça naquela época, mas agradeço o fato de ter estudado em uma escola pequena, onde os professores puderam me acompanhar de perto e principalmente por ser uma escola que tinha mais do que papel e giz de cera, afinal, o que me interessava na pré-escola era água, argila e muita traquinagem...

Nos tempos de hoje e se não tivesse os pais que tenho, certamente seria um caso clássico de indicação para Ritalina. Que sorte eu tive! Aqui estou eu, não entrei na faculdade aos 10 anos, como o garoto do vídeo, mas me desenvolvi de forma normal, socialmente, academicamente e fisicamente, sem deixar que os tabus da sociedade me afetassem... Era para ter quebrados os meus ossos por falta de cálcio na dieta (leite e derivados nunca fizeram parte do meu cardápio); perdido de ano na escola algumas vezes (passei em todos os vestibulares que fiz, inclusive na Federal, super bem colocada, aos 17 anos); ter morrido de desnutrição (fui uma criança bem magra e muitas pessoas atribuíam isso ao fato de nunca ter comido carne); não saber falar português por ter estudado em escola americana (não sou nenhum professor Pasquale, cometo erros aqui e ali, mas estou anos luz na frente de um sujeito que foi presidente do país por oito anos); ser péssima em matemática, pois adoram advogar contra o nível da matemática ensinada na escola americana (minha primeira formação é na área de exatas); ter poucos amigos, por ter estudado em uma escola pequena e restrita (quem me conhece sabe que fazer e manter amigos definitivamente passa longe de ser um problema); ter engravidado precocemente (nunca tomei pílula anticoncepcional)...

Enfim, poderia fazer uma lista interminável de motivos que me fazem não crer em rótulos, estigmas e tantas coisas que a sociedade estereotipada que vivemos, tenta enfiar na cabeça das pessoas. Acho que um dos motivos que me faz beijar o padeiro diariamente é a dádiva de pensar criticamente e descobrir inúmeras formas criativas de encontrar a alegria de viver nas mínimas coisas da vida! 

Infelizmente grande parte das instituições de ensino não está preparada para lidar com pessoas "fora da caixinha". Nesses momentos, mais do que nunca, a sensibilidade e proximidade dos pais, para analisar e buscar entender as peculiaridades dos seus filhos, é essencial. Lamentavelmente também, nem todo pai consegue estar próximo do seu filho a este ponto... Não quero nem pensar na quantidade de gênios que já foram "amputados" por pais ausentes ou escolas despreparadas para lidar com personalidades incomuns...

No livro que recomendei semana passada, o significado do termo gênio é revisado, por isso o utilizo aqui com tanta coloquialidade, afinal, o que denomina um gênio vai muito além do QI de um indivíduo. Quer entender melhor sobre o assunto? Vou responder da forma como sempre respondem às minhas indagações em casa: "Descubra sozinho/a no livro." Risos! Imagine o que é receber esta resposta para a maioria das perguntas desde criança? Meu nível de leitura está muito aquém do que desejo, mas certamente devo grande parte do que já descobri por conta própria na vida a uma educação que despertou em mim, desde pequena, muita curiosidade e a independência...

Vivemos em uma sociedade de perguntas e respostas prontas, onde tudo pode ser buscado instantaneamente no Google e poucos cultivam o hábito de pesquisar diferentes referências em bibliotecas. A preguiça de pensar impera e poucos ousam criar suas próprias verdades. Na educação, não existe certo ou errado. Existe coragem, quebra de tabus e incentivo às experimentações, tentativas e erros: criatividade. Desejo que exemplos como o do vídeo acima ajudem a quebrar paradigmas que fazem com que borboletas retrocedam a lagartas. 

Imagem retirada do Google Imagens

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