Todo mundo
quando faz exame de sangue fica interessado em saber se o “colesterol bom” está
alto e o “colesterol ruim” está baixo. Afinal, o que são esses dois tipos de
colesterol e por que um é considerado bonzinho e o outro vilão?
No texto:
Lipídios na Dieta (http://www.beijonopadeiro.com/2012/04/lipidios-na-dieta.html) falei um pouco sobre a importância
deles em nossa dieta. O colesterol, como sabemos, é uma molécula rica em “gordura”,
mas também possui uma parcela proteica e por isso é classificada como uma
Lipoproteína.
Sabemos que
óleo não se dissolve em água. Logo, para que essa lipoproteína possa circular
na corrente sanguínea e interagir com demais tecidos, ela é revestida por uma
camada fosfolipídica (cuja parte externa é solúvel em água, ou seja, polar). O
seu interior é repleto de triglicerídeos que são transportados através de
apoproteínas (proteínas transportadoras). Quando medimos o triglicerídeo, em um
exame de sangue, estamos medindo o triglicerídeo presente em nossas
lipoproteínas, pois são elas que circulam no sangue e não o triglicerídeo
livremente.
Essas
lipoproteínas são comumente chamadas de colesterol, sendo que na verdade o
colesterol é apenas um constituinte delas. Elas estão divididas em cinco
categorias, classificadas de acordo com a suas densidades (quanto menos densas,
maior o teor de triglicerídeo). Em termos práticos podemos pensar em uma
solução de água e óleo, o óleo vai sempre boiar, por ser menos denso do que a
água. Portanto, quanto mais triglicerídeo na lipoproteína, menor será a sua
densidade.
Ao
metabolizar a gordura o fígado libera-as na forma de lipoproteínas e essas são
classificadas pela quantidade decrescente de triglicerídeos e tamanhos. O
quilomícron é a maior lipoproteína (quanto mais gordura, mais “gorda” e grande
fica a molécula) constituída de 90% de triglicerídeos. Em seguida vem o VLDL
(do inglês: Very Low Density Lipoprotein/lipoproteína de muito baixa densidade)
com 60% de triglicerídeos e 10% de proteínas. O próximo da fila é o IDL
(Intermediate Density Lipoprotein/lipoproteína de densidade intermediária), que
é basicamente uma molécula intermediária e por isso não é muito falada. Agora é
a vez do LDL (Low Density Lipoprotein/lipoproteína de baixa densidade) com 10%
de triglicerídeos e 25% de proteína. Por fim, temos o HDL (High Density
Lipoprotein/lipoproteína de alta densidade), que possui apenas 5% de
triglicerídeos contra 50% de proteínas. Para fechar a conta, os demais
constituintes dessas moléculas são os fosfolipídios e o colesterol.
A principal
lipoproteína que leva “gordura” do nosso fígado para os nossos tecidos do corpo
é o LDL. Ele vai funcionar sempre que há uma quantidade de calorias abundante,
no estado alimentado, quando nosso corpo está em fase anabólica. Trata-se de
uma molécula grande, rica em gordura e presente em maior volume na corrente
sanguínea (em relação ao HDL). Por esse motivo, circula por mais tempo no
sangue e em excesso irá ser depositado no tecido adiposo. No meio do caminho,
por se tratar de uma molécula grande, ao encontrar “pontos inflamados”, pode se
prender, ficando depositado nas veias e artérias, formando a famosa aterosclerose.
Esse assunto, entretanto, ficará para outro post...
O HDL, por
sua vez, irá fazer o transporte reverso. Transportando triglicerídeos para o
nosso tecido quando estamos em jejum, em dietas de emagrecimento ou praticando
atividades físicas. Sua ação se dá quando nosso corpo está em processo de
catabolismo. Tudo isso para garantir que não faltem as “gorduras” tão
essenciais na corrente sanguínea e em nossos órgãos e tecidos.
Quando
estamos com um LDL elevado, significa que nossa dieta está excessiva, ou seja,
está sobrando gordura. Todas as macromoléculas (carboidratos, proteínas,
lipídios e até o etanol) ao serem metabolizadas pelo fígado poderão se
transformar em colesterol (Viva o Ciclo de Krebs!). Isso explica porque muita
gente, que sequer come carnes e ovos, pode ter colesterol alto. Na verdade, o
colesterol ingerido corresponde a apenas 5% do nosso colesterol circulante. Os
outros 95% são endógenos, ou seja, produzidos pelo nosso corpo.
Na dieta,
os principais constituintes que irão se transformar em colesterol são: excesso
de comida (dietas hipercalóricas), gorduras saturadas e gorduras trans,
carboidratos refinados com alto índice glicêmico (já falei deles aqui nos
textos: O Mito do Carboidrato http://www.beijonopadeiro.com/2011/09/o-mito-do-carboidrato.html e Esvaziamento Gástrico http://www.beijonopadeiro.com/2012/04/esvaziamento-gastrico.html
). O contrário também é válido. Uma dieta rica em gorduras insaturadas,
carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, um percentual de calorias
apropriado e atividade física serão benéficos para a manutenção de níveis
saudáveis de colesterol.
Com isso,
vemos que não adianta economizar no ovo e cair matando na fritura e nos doces.
As chances de você ficar com um colesterol alto serão até maiores. Não estou
dizendo aqui que é para se encher de alimentos ricos em colesterol, porque normalmente
esses vêm associados a uma grande quantidade de gorduras saturadas, como é o
caso das carnes. Mas, vamos refletir e parar de demonizar o pobre do ovo. Temos
muitos outros vilões para acusar o aumento do colesterol...
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