sexta-feira, 27 de abril de 2012

Colesterol Bom X Colesterol Ruim


Todo mundo quando faz exame de sangue fica interessado em saber se o “colesterol bom” está alto e o “colesterol ruim” está baixo. Afinal, o que são esses dois tipos de colesterol e por que um é considerado bonzinho e o outro vilão?

No texto: Lipídios na Dieta (http://www.beijonopadeiro.com/2012/04/lipidios-na-dieta.html) falei um pouco sobre a importância deles em nossa dieta. O colesterol, como sabemos, é uma molécula rica em “gordura”, mas também possui uma parcela proteica e por isso é classificada como uma Lipoproteína.

Sabemos que óleo não se dissolve em água. Logo, para que essa lipoproteína possa circular na corrente sanguínea e interagir com demais tecidos, ela é revestida por uma camada fosfolipídica (cuja parte externa é solúvel em água, ou seja, polar). O seu interior é repleto de triglicerídeos que são transportados através de apoproteínas (proteínas transportadoras). Quando medimos o triglicerídeo, em um exame de sangue, estamos medindo o triglicerídeo presente em nossas lipoproteínas, pois são elas que circulam no sangue e não o triglicerídeo livremente.

Essas lipoproteínas são comumente chamadas de colesterol, sendo que na verdade o colesterol é apenas um constituinte delas. Elas estão divididas em cinco categorias, classificadas de acordo com a suas densidades (quanto menos densas, maior o teor de triglicerídeo). Em termos práticos podemos pensar em uma solução de água e óleo, o óleo vai sempre boiar, por ser menos denso do que a água. Portanto, quanto mais triglicerídeo na lipoproteína, menor será a sua densidade.

Ao metabolizar a gordura o fígado libera-as na forma de lipoproteínas e essas são classificadas pela quantidade decrescente de triglicerídeos e tamanhos. O quilomícron é a maior lipoproteína (quanto mais gordura, mais “gorda” e grande fica a molécula) constituída de 90% de triglicerídeos. Em seguida vem o VLDL (do inglês: Very Low Density Lipoprotein/lipoproteína de muito baixa densidade) com 60% de triglicerídeos e 10% de proteínas. O próximo da fila é o IDL (Intermediate Density Lipoprotein/lipoproteína de densidade intermediária), que é basicamente uma molécula intermediária e por isso não é muito falada. Agora é a vez do LDL (Low Density Lipoprotein/lipoproteína de baixa densidade) com 10% de triglicerídeos e 25% de proteína. Por fim, temos o HDL (High Density Lipoprotein/lipoproteína de alta densidade), que possui apenas 5% de triglicerídeos contra 50% de proteínas. Para fechar a conta, os demais constituintes dessas moléculas são os fosfolipídios e o colesterol.

A principal lipoproteína que leva “gordura” do nosso fígado para os nossos tecidos do corpo é o LDL. Ele vai funcionar sempre que há uma quantidade de calorias abundante, no estado alimentado, quando nosso corpo está em fase anabólica. Trata-se de uma molécula grande, rica em gordura e presente em maior volume na corrente sanguínea (em relação ao HDL). Por esse motivo, circula por mais tempo no sangue e em excesso irá ser depositado no tecido adiposo. No meio do caminho, por se tratar de uma molécula grande, ao encontrar “pontos inflamados”, pode se prender, ficando depositado nas veias e artérias, formando a famosa aterosclerose. Esse assunto, entretanto, ficará para outro post...

O HDL, por sua vez, irá fazer o transporte reverso. Transportando triglicerídeos para o nosso tecido quando estamos em jejum, em dietas de emagrecimento ou praticando atividades físicas. Sua ação se dá quando nosso corpo está em processo de catabolismo. Tudo isso para garantir que não faltem as “gorduras” tão essenciais na corrente sanguínea e em nossos órgãos e tecidos.

Quando estamos com um LDL elevado, significa que nossa dieta está excessiva, ou seja, está sobrando gordura. Todas as macromoléculas (carboidratos, proteínas, lipídios e até o etanol) ao serem metabolizadas pelo fígado poderão se transformar em colesterol (Viva o Ciclo de Krebs!). Isso explica porque muita gente, que sequer come carnes e ovos, pode ter colesterol alto. Na verdade, o colesterol ingerido corresponde a apenas 5% do nosso colesterol circulante. Os outros 95% são endógenos, ou seja, produzidos pelo nosso corpo.

Na dieta, os principais constituintes que irão se transformar em colesterol são: excesso de comida (dietas hipercalóricas), gorduras saturadas e gorduras trans, carboidratos refinados com alto índice glicêmico (já falei deles aqui nos textos: O Mito do Carboidrato http://www.beijonopadeiro.com/2011/09/o-mito-do-carboidrato.html e Esvaziamento Gástrico http://www.beijonopadeiro.com/2012/04/esvaziamento-gastrico.html ). O contrário também é válido. Uma dieta rica em gorduras insaturadas, carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, um percentual de calorias apropriado e atividade física serão benéficos para a manutenção de níveis saudáveis de colesterol.

Com isso, vemos que não adianta economizar no ovo e cair matando na fritura e nos doces. As chances de você ficar com um colesterol alto serão até maiores. Não estou dizendo aqui que é para se encher de alimentos ricos em colesterol, porque normalmente esses vêm associados a uma grande quantidade de gorduras saturadas, como é o caso das carnes. Mas, vamos refletir e parar de demonizar o pobre do ovo. Temos muitos outros vilões para acusar o aumento do colesterol...

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